domingo, 15 de abril de 2018

O TURISMO EM BRAGANÇA vs PORTUGAL 2020

Nos últimos meses tenho sido convocada por distintas instituições para participar em momentos de reflexão sobre o turismo em Bragança. Percebo nestes convites alguma preocupação com a participação dos atores locais. E por isso muito me congratulo, é sem dúvida entusiasmante esta nova sensação de integração na minha terra!
Mas, continuo a ter dificuldades em perceber qual o papel exato dos atores locais. As reflexões solicitadas parecem pedir apenas aprovações e aplausos e a liberdade critica é rapidamente silenciada com justificações.
Ora “lamentavelmente”, o facto de ter nascido numa democracia, a minha educação e formação académica formataram-me no sentido de desenvolver um sentido critico positivo e construtivo em prol do desenvolvimento de todos! Por isso, não posso deixar de expor o meu desagrado com as politicas locais de desenvolvimento do turismo. Desde logo, chama a atenção o facto de simultaneamente diversas instituições estarem a trabalhar o mesmo tema – desenvolvimento do turismo em Bragança. Poderíamos pensar numa consciência coletiva da emergência de um trabalho em rede entre as diversas instituições públicas e privadas locais. Mas não. O aspeto comum entre os diversos projetos de desenvolvimento do turismo local é que são todos apoiados por fundos do PORTUGAL 2020. Aparentemente as linhas de apoio devem ser semelhantes, pois multiplicam-se as plataformas virtuais, os press trips, logotipos, símbolos, marcas e slogans, tudo para promover Bragança! Multiplicam-se também as empresas de consultoria e promoção turística provenientes de Lisboa, Leiria, Porto ou Guimarães que são em realidade quem faz o trabalho. Trabalho este que eu julgaria ser da responsabilidade das próprias instituições locais. Mas não. São as próprias empresas que se deslocam ao território. A este “reino maravilhoso”, “telúrico” e “longínquo” de que faz parte Bragança. Já no terreno e após um “brainstorming” com os locais (connosco) fazem a síntese das necessidades sentidas pelos locais (por nós). Mais tarde, apresentam em “powerpoint” a analise “swot” aos locais (a nós) e promovem “press trips”!
Bravo! Na gíria politica local podemos dizer que “Bragança, smart city, está a alavancar a excelência do território”! Deus nos ajude!
Emília Nogueiro


(pormenor de varanda em ferro forjado, rua dos Combatentes da Grande Guerra)